Feliz Aniversário, Doriot Dwyer, Artista Powell lendária

No dia 6 de Março de 2020, flautistas pelo mundo inteiro celebram os 98 (!) anos da Doriot Anthony Dwyer, antiga Flautista Principal da Boston Symphony Orchestra. Doriot: HAPPY BIRTHDAY!

Tive a honra de conhecer e trabalhar com a Doriot (“ - ri - oh”) na Festival Tanglewood, quando ela ainda era Primeira Flauta da Boston Symphony. A energia e forte personalidade musical dela foram logo impressionante. E só podia ser, sendo a história pessoal dela tão importante e simbólica para as mulheres na música clássica.

Sobre ela vou ter que escrever mais do que um “blog”, mas vale a pena porque é uma flautista, músico e pessoa fascinante, cuja história pessoal é intimamente relacionada com mudanças da sociedade geral, com repercussões que continuam até os nossos dias.

Conto aqui só uma história da vida da Doriot para começar. Como jovem flautista dotada era logo convidado a tocar em muitas orquestras, mas como não “havia” mulheres Principais (e efectivos) em orquestras de renome, ela estava preste a dedicar-se à música de câmara e outras actividades solísticas (como fez a Elaine Shaffer, outra flautista americana três anos mais jovem)

Mas quando abriu o lugar da Flauta Principal da B. S. O. em 1952, a Doriot resolveu-se a candidatar-se na mesma, preparando, nas palavras dela “como se fosse para tirar um doutoramento”. Ela decorreu o programa toda, passando meses a preparar. Com o nome invulgar dela, ela mandou a carta de candidatura assinada “Miss Doriot Anthony” para clarificar que era mulher.

Assim, ela foi colocada a tocar no terceiro dia das provas, o chamado “Ladies Day”, depois dos candidatos “a sério” nos primeiros dois dias—os homens. Mas, ao surpresa do júri, no terceiro dia, quando ela tocou, ela foi de tal maneira superior que não havia possibilidade de contratar outro flautista. (O Maestro Titular era o francês Charles Munch).

Por isso, ela entrou na história como a primeira mulher (sem ser harpista—instrumento considerado “feminino”) a chefiar um naipe numa orquestra “top” dos EUA. .

Mas mesmo assim, uma vez contratada, tentaram pagar um salário inferior ao que foi anunciado. Disseram que ela era “Só uma menina pequenina”. Ela, que de facto era de estatura relativamente pequena, respondeu—a maneira directa e forçosa dela—”Sim, mas é um trabalho muito grande”. Afirmando-se desta maneira, tiveram que pagar o ordenado completo a ela, e assim começou uma carreira de quase 40 anos a frente da B. S. O., entre 1952 e 1990.

Para abrir a porta com estilo e dignidade às outras—muitas—mulheres a seguir, hoje celebramos a sua coragem e a sua musicalidade efervescente, com esta e muitas outras agradecimentos! Brava, Doriot, do Portugal!

Foto da jovem Doriot Anthony Dwyer

Foto da jovem Doriot Anthony Dwyer